Dia Mundial de Combate à Obesidade: endocrinologista defende novo olhar médico para doença crônica e multifatorial

Dra. Isis Toledo, Endocrinologista e Metabologista*

Vivemos uma epidemia de obesidade. Segundo a OMS, Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas. Conforme o Vigitel Brasil 2021, pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, 57,25% dos adultos brasileiros estão acima do peso. Em Florianópolis, 20,2% dos adultos tem obesidade e 56,9% tem excesso de peso. O combate a essa epidemia passa por um novo olhar e também por descobertas e novos medicamentos.

Frequentemente recebo em meu consultório pacientes que passaram por dietas baseadas em boa alimentação e exercícios físicos, mas não reduziram peso. A culpa desse insucesso muitas vezes recai sobre o próprio paciente, embora já saibamos que comer demais pode estar fora do controle consciente. Dieta e exercício nem sempre são suficientes. A obesidade, embora muitas vezes erroneamente considerada um problema simplesmente estético, é uma doença crônica que eleva o risco de doenças cardiovasculares e diabetes, além de  aumentar as chances de desenvolver vários tipos de câncer. O sucesso no tratamento da obesidade não está apenas na força de vontade do paciente.

Nos casos bem-sucedidos em consultório, a mudança de hábitos permanece um dos pilares do tratamento, mas não o único. O tratamento medicamentoso pode ser um elemento-chave no processo. Novas tecnologias são utilizadas em medicações como a Semaglutida, recém liberada pela Anvisa para tratamento da obesidade. Nos estudos clínicos, o medicamento mostrou redução de cerca de 17% do peso. Esses medicamentos imitam o hormônio peptídeo-1, ou GLP-1, que, produzido principalmente pelo intestino, diz ao cérebro quando já comemos o suficiente. Mas, embora sejam os medicamentos mais eficazes já aprovados para a obesidade, eles não serão efetivos para todos. Saber qual medicação vai gerar melhor resultado requer uma conversa ampla que identifica cada padrão alimentar e, assim, um tratamento individualizado e assertivo.

No Dia Mundial de Combate à Obesidade, neste 4 de março, e, mais do que nunca, é preciso entender que a obesidade é uma doença multifatorial e complexa, que deve ser tratada com respeito, de forma multidisciplinar e estratégica. O quanto antes enterdemos isso, mais perto estaremos da diminuição dessa epidemia.

* Isis Toledo é médica Endocrinologista e Metabologista com título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM e Certificate of attendance in Current Trends in Endocrinology in Harvard Medical School

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Laura Coutinho

Escrito por Laura Coutinho

Laura Coutinho é jornalista com mestrado em Relações Internacionais. Já morou em Porto Alegre, Londres e Lisboa e é apaixonada por viagens, gastronomia, cultura e inovação. Trabalhou mais de 15 anos no Grupo RBS como repórter, editora, colunista e assinou coluna social durante um ano no Jornal Notícias do Dia. Hoje, concilia a produção de conteúdo em site próprio com o trabalho de relações públicas.

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