Texto: Maíra Ferraz*
A tendência de grandes restaurantes dentro de hotéis demorou para chegar a Florianópolis, mas se depender do que provei em minha visita ao Santa Cucina, na última semana, dentro do Novotel, o movimento veio para ficar, reforçado pelo já consagrado Black Sheep, no Majestic, e pelo D. O. Pescador, que estreou recentemente no Blue Tree.
O Santa Cucina tem cenário moderno, amplo bar à meia-luz e a cozinha autoral e talentosa de Eudes Rampinelli, certamente um frescor necessário para a gastronomia da cidade. Os pratos são descritos de forma simples em um menu enxuto, mas é no paladar que o luxo se apresenta, com ingredientes escolhidos a dedo, sempre frescos, com o melhor da nova gastronomia italiana.
Apesar de estar localizado no térreo do hotel, o restaurante é aberto a não-hóspedes e tem uma entrada própria. O generoso bar de drinks com mais de cinco metros chama a atenção. Batizado de Santo Trago, foi por ali que comecei a noite gastronômica. A carta foi idealizada pelo mixologista Diego Rita, ex-Double Seven, treinado por ninguém menos que Cyrus Kehyari, considerado um dos melhores bartenders de Nova York. O bar é acessível e bastante abrangente: são 28 coquetéis para todos os gostos e bolsos. Os valores variam de R$ 16 a R$ 49.
Destaque para a variedade de gins: são 12 rótulos. Também achei muito simpática a forma como o menu do bar foi dividido: Top Shelf, Econômicos, Para Iniciantes, Clássicos Esquecidos, Releituras, Ousados e Assinaturas. Por indicação do mixologista, iniciei por um Old Bitty para abrir o apetite.
A receita desse “Clássico Esquecido” leva pepino, limão tahiti, hortelã, gin e uma pequena correção de açúcar. Como não sou fã dos drinks muito doces, o gosto estava perfeito. O gelo muito triturado, porém, me incomodou porque deixou a bebida aguada antes de terminar. Também provei o Cover Club, feito com gin, limão siciliano, clara de ovo, bitter e Monin de Framboesa, perfeito para quem gosta de opções mais adocicadas.
O bar tem um menu próprio de comidinhas, também idealizado pelo chef Eudes. Fiquei maravilhada pelo Arancini ao Funghi (R$ 18), um bolinho de arroz arbóreo frito recheado com funghi porcini, mozzarela e creme de burrata ao limão siciliano. Estava muito bom.
Em seguida, provei o Mini Calzone de Camarões e Zucca (R$ 22), um pastel crocante recheado com camarões, moranga cabotiá e geleia de tomate picante. Quentinho, crocante e impecável.
Do cardápio principal, provei de entrada a Polenta ao Caccio Pepe (R$ 26), com creme de queijo parmesão e ovo mollet (ovo empanado e frito). Nem deu tempo de bater a foto da gema mole, pois rapidamente o devorei. Em seguida, a Mozzarela de Búfala com figos e pesto de pistache e mini-rúcula, que estava extraordinária (R$ 34).
Confesso que já estava bastante satisfeita sem ao menos ter pensado no prato principal. Mas assim que o nhoque recheado de ossobuco (R$ 55) chegou vi ter acertado na pedida. Feito com batata-baroa, o nhoque tem um toque adocicado que casou perfeitamente com o molho do próprio ossobuco. Fico com água na boca só de lembrar. Apenas parabéns.
Para encerrar esse jantar memorável, pedi o cheesecake de queijo da Serra Catarinense (R$ 25) com molho de goiabada com um sabor incrível.
O restaurante ainda está em modo soft-opening, então algumas mudanças podem ser ajustadas. Mas vale a pena conhecer e prestigiar a cozinha desse chef capixaba que também toca o premiado Jay Bistrô, em Jurerê Internacional. Achei os preços justos para o que se propõe. Certamente valeu a visita.
Santa Cucina e Santo
Novotel: Av. Jorn. Rubéns de Arruda Ramos, 2.034
Centro, Florianópolis
(48) 3202-6100