Safari, sol e vinho: dicas imperdíveis da África do Sul por Mariana Perassa – Laura Coutinho

Texto e fotos de Mariana Perassa

Em busca de uma viagem diferente, surgiu a ideia de irmos para a África do Sul – afinal de contas, é um país que conta com 11 línguas oficiais e uma diversidade étnica absurda, com aspectos culturais africanos e europeus bem evidentes. Ficamos 14 dias no total no país entre final de dezembro e início de janeiro.

As opções de roteiro são muitas, mas queríamos explorar a Garden Route, então optamos por uma roadtrip. Olhando o mapa, selecionamos alguns pontos estratégicos de parada – mas no meio do caminho, tivemos muitas surpresas. 

Nosso vôo foi de São Paulo para Joanesburgo. Muita gente pula esse destino por ser “perigoso”, mas acho que fez total diferença no entendimento da cultura, pena que só exploramos no último dia de viagem. 

Assim que pousamos, já pegamos outro vôo para Hoedspruit (uma horinha em avião pequeno) rumo aos safaris. Nossa escolha foi o Kapama Buffalo Camp e não poderia ter sido melhor. As suítes são como barracas de camping, com todas as refeições inclusas – até mesmo um serviço de bar 24h – e direito à jantar ao redor da fogueira.

Kapama Buffalo Camp
Safari em Hoedspruit

Diariamente saíamos em busca dos animais, em jipes e acompanhados por guardas florestais (mais precisamente, das 6h às 9h, e das 16:30h às 19:30h). É emocionante, principalmente quando se tem a sorte de ver de perto os Big Five (leão, elefante, búfalo, leopardo e rinoceronte). Não se assuste se acordar com macacos na varanda, por lá isso é super normal.

Próxima parada: Port Elizabeth. No nosso roteiro, a cidade serviu mais como um hub pra alugar carro. Como íamos pegar algumas horinhas de estrada no dia seguinte, pernoitamos por lá e um dia foi suficiente pra conhecer tudo. Quando estávamos saindo do hotel, a recepcionista comentou “vão visitar Tsitsikama? É maravilhoso, vão amar”. Confesso que nunca tínhamos ouvido falar.

Rumo a Knysna (cidade escolhida por nós pra descansar durante o trajeto), vimos uma placa indicativa à Tsitsikama e resolvemos arriscar. Por lá, diversas trilhas, campings e um pôr-do-sol sem igual.

Surpresas em Tsitsikama

Logo ao lado, Bloukrans Bridge, uma das pontes comerciais mais altas do mundo, a 216 metros acima do rio onde fica o famoso bungee jumping – continuamos nosso trajeto sem tirar essa ideia da cabeça

Pequena, cheia de charme e muito acolhedora, Knysna é conhecida como a capital das ostras e das cervejas. De bike, fomos explorando o caminho até Thesen Island (passando pelo The Waterfront e terminando no restaurante Tapas & Oysters – bem agitadinho, bom pra petiscar as famosas ostras.

Tapas & Oysters em Knysna

No fim do dia, fomos conhecer The Heads – e QUE visual. Minha dica pra quem pretende passar por lá, é pesquisar passeios de barco ou esportes aquáticos pois o lugar é incrível e muito tranquilo.

Terminamos o dia no restaurante Butterfly Blu, tem uma vista legal, preço acessível e o melhor prato da viagem na opinião do Mário – recomendo fortemente a Focaccia e o Line Fish Of The Day.

Butterfly Blu

Na noite em que estávamos nos despedindo da cidade, resolvemos agendar o Bungee Jumping (talvez tenha sido o vinho, mas guardo a rolha até hoje). Atrasamos nossa viagem em 2 horinhas (fica a 1 hora de distância de Knysna), e voltamos até lá pra saltar do maior Bungee Jumping de ponte do mundo. Sensação indescritível, voltaria quantas vezes tivesse oportunidade.

Na sequência, fomos para Cape Town. Ficamos hospedados em um airbnb em Camps Bay. A praia é linda, super badalada, mas nessa época do ano venta demais (impossível pegar praia na maior parte do dia).

Camps Bay

Dentre os tantos passeios imperdíveis, começamos pela Table Mountain (minha dica é chegar cedo. Abre às 8h, chegamos lá exatamente nesse horário e já tinha uma fila de 1 hora. Também sugiro comprar online).

Table Mountain: chegue cedo!

No mesmo dia, visitamos o V&A Waterfront – almoçamos no V&A Market com direito à sobremesa na sorveteria Crumbs & Cream. Fim de tarde, optamos pela Clifton Beach (o pôr do sol de lá é incrível, fica do ladinho de Camps Bay).

V&A Waterfront
V&A Market

Nos outros dois dias que tínhamos por lá, contratamos um guia em português para conhecer Cabo da Boa Esperança (também recomendo chegar bem cedo, pois costuma ter uma fila de carros), Boulders Beach (não deixe de conferir a reserva de pinguins) e Muizenberg (por foto, tudo lindo, pessoalmente, abarrotada de pessoas). Também visitamos o Kirstenbosch Garden, jardim botânico que abrange cinco dos seis biomas diferentes da África do Sul. Por lá também rolam alguns shows, em um palco bem no meio do jardim (infelizmente não conseguimos pegar nenhum, mas vale a pena estender uma canga e passar umas horas por lá).

Cabo da Boa Esperança, o ponto mais ao sul da África
Boulders Beach

Quanto aos restaurantes, indico o Tiger’s Milk para um cafézão da manhã, Café Caprice pra quem busca agito e GOLD Restaurant (restaurante africano, com pratos típicos, danças e um pouco mais sobre a cultura de lá).

Tiger’s Milk

Outro lugar legal é o Truth Coffee localizado no centro da cidade. Além de já ter recebido prêmio de melhor café do mundo, tem uma pegada anos 20 e conta com o bar secreto The Art Of Duplicity Speakeasy aos fundos.

The Art of Duplicity. Foto Secretsecretcapetown.co.za

Não deixe de reservar os restaurantes The Shortmarket Club e The Pot Luck Club. Entramos em contato com eles e nos informaram que as reservas abririam no primeiro dia do mês (mas assim que entramos, exatamente no dia 01/12, já não havia mais nada disponível).

Nosso próximo destino foi Stellenbosch. Muitas pessoas fazem bate-volta (fica a mais ou menos 1 hora de Cape Town), mas eu indico passar pelo menos uma noite em uma das vinícolas. Nossa escolha foi a Lanzerac, bem romântica e conservada (com arquitetura antiga e moderna). Diferente de algumas outras vinícolas famosas, o foco deles é o vinho, e não os hotéis em si ou restaurantes (e mesmo assim, é encantadora). No banheiro do quarto, amenities baseadas em vinhoterapia.

Vinícola Lanzerac, em Stellenbosch
A dica é passar pelo menos uma noite em uma das vinícolas com hotel

Almoçamos no Indochine Restaurant, localizado dentro da vinícola Delaire Graff Estate – preço bem salgado, mas, na minha opinião, o melhor prato da viagem.

Indochine Restaurant

De lá, fomos fazer uma degustação de vinhos na Tokara, também bem famosa na região. A vista dos vinhedos é linda, mas o atendimento não foi o melhor – estava bem lotada, talvez por ser temporada.

Poderia passar dias e mais dias nessa região, ideal pra relaxar após uma viagem agitada, e voltar à realidade revigorado.

Última parada, porém não menos importante, Joanesburgo. Tínhamos apenas um dia, então nossa escolha foi explorar a cultura local. Fomos no Museu do Apartheid onde muitas coisas que vimos na viagem começaram a fazer sentido. A história é assustadora, mas muito interessante e faz a gente querer se aprofundar ainda mais na cultura deles.

Museu do Apartheid, em Joanesburgo

Saindo de lá procuramos algum lugar pra almoçar por perto (direto no Google Maps, e QUE achado), e optamos pelo Urbanologi (comidas todas orgânicas, com ingredientes sazonais e saudáveis), localizado dentro do Mad Giant Brewery (uma cervejaria local com arquitetura industrial). O menu sazonal é dividido em cru, curado, cozido no vapor, frito, kushiyaki (ou seja, espetado e grelhado) e sobremesa. Para sobremesa é imperdível o sorvete e pipoca de caramelo com flor de sal, nibs de cacau e biscoitos.

Urbanologi, divulgação
Urbanologi, divulgação

Fim de viagem e já estou louca pra voltar. A África do Sul nos surpreendeu tanto pela rica cultura, quanto pela diversidade de programas e destinos.

Sobre o clima
Nos safaris, um calor de 40 graus (desde às 8h da manhã) então recomendo roupas frescas (não esquecer de protetor solar, repelente e chapéus). Nos demais lugares estava bem agradável, de 19 a 28 graus. Por lá sempre usava um casaquinho.

Final do ano é uma boa época pra ir?
Pra quem tem flexibilidade, compensa mais ir em meia estação (outubro, por aí), pois em alta temporada tudo é mais caro, os restaurantes estão bem lotados (maioria funciona por reserva então não tivemos nenhum inconveniente de ficar esperando. O difícil é conseguir disponibilidade de reserva), e venta muito nas praias (parece que é típico dessa época de fim de ano).

Preço médio das refeições e hospedagens
Os preços médios dos restaurantes são bons. O mais caro, na vinícola Delaire Graff, pagamos em torno de 1000 rands = R$ 333 (com vinho, entradinha e pratos principais) para duas pessoas. Nos demais, a média era de 500 – 600 rands = R$ 166 – R$ 200 (também com vinho, estradas e pratos principais). Os hotéis são caros, mas há opções para todos os bolsos. Nos safaris, recomendo investir nisso (a diária é em torno de R$ 4 mil, incluindo transfers, safaris, todas as refeições e open bar o dia inteiro) mas nos demais lugares, vale ver um airbnb.

>> Muito além das Times Square: cartões postais incontornáveis e outros passeios deliciosos em NY


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Mariana Perassa

Escrito por Mariana Perassa

Graduanda de Engenharia de Transporte e Logística pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Já morou em Nova Iorque, Califórnia e França e atualmente divide-se entre Joinville e Florianópolis. Apaixonada por viagens, cultura, inovação e comunicação.

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