O novo velho Centro: 6 bares que estão renovando a cena noturna da região central de Florianópolis – Laura Coutinho

Texto de Cristiano Santos* 

Não adianta, é tudo cíclico. De tempos em tempos o Centro de Floripa ganha novos ares, renova o público e se abre para outras possibilidades. Estamos falando de diversão, claro. Porque se durante o dia o vaivém é comercial e corporativo, à noite os gatos não são só pardos, afinal, esta região da cidade, em sua essência, é democrática. E quem não quer bebericar um drink ou uma cerveja depois do pôr do sol?

A Rua Victor Meirelles, por exemplo, até outro dia sede de comércios e bares que fechavam as portas depois das 18h, ganhou outras alternativas. Mas este quadrilátero que alguns chamam de Baixo Centro (ok, muitos detestam o termo) também tem opções já estabelecidas como os redutos da Travessa e os clássicos Tralharia (que, além da cerveja gelada, reúne uma turma que gosta de arte e debates sobre a ocupação do próprio Centro), Taliesyn Rock Bar, Gato Mamado e afins (felizmente, a lista é longa). Com a diversidade na pauta do dia, a mistura em cartaz na região sai na frente em relação a maior parte das opções noturnas da cidade, nem sempre tão inclusivas e democráticas.

Aqui, listamos alguns. Escolha o seu (ou circule por todos) e divirta-se:

Madalena Bar 

Foto Fábio Puttini

Não faz um mês que o pequeno bar inaugurou e sua estética criada a partir da inspiração em filmes como A Liberdade é Azul e as séries Black Mirror e Twin Peaks se tornou onipresente no Instagram. O azulejo azul e os neons saíram da mente da arquiteta Manu Wojcikiewicz, responsável ainda pela fachada que esconde um segredo desvendado somente pelos mais atentos. As proprietárias e namoradas Rose Bär e Anna O’sfair encontraram o local por acaso, apesar do desejo latente há anos de criar um bar no Centro. Para o nome, queriam um feminino, assim como a equipe, que desde a criação do espaço é formada majoritariamente por mulheres. Na carta de drinks, oito são especialidades da casa (o Sapatônica já é um dos prediletos) e sete são clássicos, com preços que variam de R$ 10 a R$ 20. Shots e cervejas também estão à disposição, mas os petiscos ainda estão a caminho. Funciona de terça à quinta, das 19h às 2h, e sexta e sábado, das 20h às 2h.
R. Victor Meirelles, 230

PicNic Food  

Fotos Tabris Lichfett

A história da hamburgueria vegana do cozinheiro Asdra Martin começou quase que  despretensiosamente enquanto ele vendia os sanduíches no Tralharia. O boca a boca, literalmente, fez que com ele, em parceria com o sócio Radji Schucman – amigos desde os 14 anos -, abrisse uma unidade física para servir as receitas (além do pão artesanal, os discos levam feijão, beterraba e ora-pró-nobis). Por lá, em um cardápio enxuto (que varia conforme os insumos do dia) há opções com cogumelos, mayo vegana de alho, cheddar vegano, entre outros ingredientes, e custam entre R$ 18 e R$ 22. Como a região tem essa vocação, digamos, mais etílica, eles também passaram a oferecer drinks e cerveja artesanal. E de vez em quando ainda chamam os amigos para um som. Abre de terça a domingo, das 18h às 23h.
R. Victor Meirelles, 138

Foto divulgação

Ateliê 389 

Foto divulgação

Camilo Silva, Luiz Augusto Corral e Mari Narciso queriam um galpão para transformar em um espaço criativo. Buscavam amplitude, nem pensavam no Centro. Acabaram encontrando um casarão na esquina da Victor Meirelles com a Hercílio Luz e há seis meses apresentam no local suas criações em uma galeria de arte, além de um escritório de arquitetura, uma floricultura e uma oficina de customização de motos. Com a boemia rondando a região, logo surgiu uma cervejinha aqui, um rótulo de um amigo ali. Decidiram, então oferecer a bebida (custa R$ 12), assim como o Jack & Coke (R$ 20), e os frequentadores aumentam a cada dia – a mistura tá bem bonita com o público do Madalena. Já o amendoim com casca e a água são por conta da casa. Dois dias de funcionamento, às quintas e sextas, das 18h à meia-noite.
Av. Hercílio Luz, 389 (entrada também pela Victor Meirelles)

NoClass

Foto divulgação

O irmão mais “velho” da rua completou seu primeiro ano há pouco – no dia do aniversário, 13/10, a casa divulgou os números de 46,4 mil drinks vendidos e mais de 7,5 mil clientes cadastrados. A ideia dos três sócios, Iran Marcondes, Felipe Stahnke e José Thiago Lima (também donos do 13, em outra região do Centro), vinha de tempos, mas faltava encontrar o lugar ideal. Com interiores e fachada também assinados por Manu Wojcikiewicz, o bar deu início à movimentação na Victor Meirelles criando a atmosfera atual. Dica: sente do lado direito do bar para entender a visão poética criada pela arquiteta para observar as luzes do morro em frente. Com uma coquetelaria acessível e desmistificada, a casa oferece 40 drinks que variam de R$ 13 a R$ 43. As long necks de cerveja saem por R$ 8. E já já eles começarão a servir comidinhas. Com filas na porta, os sócios abriram uma janela por onde vendem algumas bebidas tornando a espera menos longa. Sucesso de público, a “janelinha” em breve deve ganhar outro espaço ali mesmo na Victor Meirelles. O NoClass abre de terça a quinta, das 19h à 0h30min; sexta, das 19h às 2h; e sábado, das 20h às 2h.
R. Victor Meirelles, 184.

Foto divulgação

LaKahlo Bodega

Foto Jessica Kindermann

Faz pouco mais de um ano que Juliana Milioli Zaniboni abriu as portas na Hercílio Luz, uma avenida que, inclusive, merece ainda mais renovação de opções e de público. A ideia da bodega surgiu da necessidade de se criar um espaço seguro para as mulheres curtirem a noite naquela região da cidade, até então um reduto quase exclusivamente masculino. Mas não é só um lugar para tomar cervejas (R$ 6 a R$ 10), chope (R$ 8 a R$ 15) e caipirinhas (R$ 10 a R$ 14). Discussões sobre feminismo, racismo, machismo, LGBTfobia e gordofobia, entre outras, se tornaram parte da agenda de quem frequenta o pequeno espaço inspirado na artista mexicana Frida Kahlo. Sobre a vizinhança, Juliana conta que alguns frequentadores passaram a ir até a bodega para entender do que se trata o feminismo. Depois, se tornaram clientes. Abre de segunda a sábado, das 17h à meia-noite. E eventualmente são realizados eventos aos domingos. Dica: o legal mesmo é sentar nas mesas na rua.
Av. Hercílio Luz, 633.

Sirène Fish and Chips 

Foto Raphael Umbelino

Com unidades em Curitiba e São Paulo, a previsão de abertura do vizinho do Madalena é para a segunda semana de novembro. Criado pelo advogado curitibano Afonso Neto depois de uma temporada na Austrália, o espaço, que na Ilha será comandado pelos franqueados Patrick Mani e Estela Adamo, tem como carro-chefe os cones do petisco inglês (versão “abrasileirada”) com quatro opções de molhos artesanais em dois tamanhos (R$ 20 o grande), além de quatro torneiras de LayBack e Kairós, cervejas com selo manezinho. Quatro drinks também serão oferecidos, assim como um sanduba de peixe empanado e uma versão de batata doce servida com doce de leite ou chocolate. Bonés, camisetas e canecas (que poderão ser guardadas no bar) fazem parte da grife e estarão à venda. Horário e dias de funcionamento não foram definidos, mas deve ser de terça a domingo, a partir das 18h.
R. Victor Meirelles, 230

Foto Raphael Umbelino

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Escrito por Cris Santos

Catarinense da Serra, Cristiano Santos é jornalista com especialização em Imagem de Moda. Viciado em informação, atuou por mais de uma década nos grupos RBS e NSC como repórter e colunista de entretenimento. Foi também editor das revistas Donna e Versar. Atualmente, além de assessor de imprensa, estuda Consumo e Comunicação, e colabora com este site.

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