Meu roteiro por Londres: confira as dicas de gastronomia, cultura e agito na cidade – Laura Coutinho

Como diz o ditado, “quem cansou de Londres cansou da vida”. A cidade borbulha em cada canto. E tem a capacidade quase única no mundo de se moldar ao estilo do visitante. É cultural, moderna, tradicional, louca, gastronômica, punk, roqueira, enfim, tem para todos e as opções nunca acabam. Falta é tempo. 

Passei 12 dias na cidade no início de junho. Ex-moradora, pulo os highlights mais óbvios e viajo em busca das novidades e da cena cultural. 

Surfando ainda na euforia do casamento de Megan e Harry, mais ensolarada e quente e menos chuvosa  do que o normal para uma primavera,  Londres já vivia os dias longos e a expectativa do sempre festejado verão, na minha opinião melhor época para se estar lá.

Aqui, compartilho as dicas do que fiz e gostei por lá:

Gastronomia 

Trendsetter desde sempre, Londres em termos de vida saudável pode ter perdido o bonde para a Califórnia ou mesmo NY, mas agora corre atrás do tempo e mostra acompanhar  a mudança de comportamento mundial por um estilo de vida mais saudável e sustentável. O Fish n’ Chips segue lá, mas há leite de amêndoa, tofu, kombucha e shoots de gengibre por todos os lados, além de sete endereços da rede Whole Foods e dos onipresentes menus orgânicos, sazonais e que valorizam os produtos locais.

Farmacy: Camilla Al-Fayed, filha do bilionário egípcio Mohammed Al-Fayed, é dona deste que é um restaurantes mais trendy de Londres. Integrante do movimento eat clean, o Farmacy, em Notting Hill ,  serve café da manhã, almoço e jantar tudo planted-based e orgânico com boa parte do cardápio vegan e glúten free. Também não entram lactose ou açúcar branco, mas tudo por lá é cheio de sabor.  Para o jantar (é preciso reserva), escolhi o Kitchari Dahl (£ 16), com mungbeans (uma espécie de feijão verde) e vegetais cozinhos em caldo de coco e cúrcuma servido com “iogurte” de coco e quinoa.  Para sobremesa, o raw chocolate tart (£10), adoçado com tâmaras.

Os drinques também são super diferentes: experimentei o There is Something about Mary (£12), feito com pó de CBD  (feito a base de cannabidiol mas sem THC e que teria propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e ansiolíticas), vodca com infusão de baunilha, chili suave, purê de manga e suco de limão.  Vale uma ida!
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Farmacy, divulgação
Farmacy, divulgação

 

Farmacy, divulgação

Spring: na belíssima Somerset House, o Spring é tocado pela chef Skye Gyngell, que já tem uma estrela Michelin no currículo. Sazonal, orgânico e sustentável (o menu pré-teatro, algo bem comum em Londres, servido entre 17h30 e 18h30, utiliza ingredientes que seriam desperdiçados). Fomos no almoço (reserva necessária) e pedimos o menu de duas etapas (£ 27.50, você pode optar entre entrada e principal ou principal e sobremesa). Maravilhoso! Vale investir quando quiser aquele almoço mais especial.
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Spring, divulgação
Spring, divulgação

Tibits: com dois endereços na cidade (um perto da Regent’s Street e outro próximo à Tate Modern) , o Tibits salva quando a idéia é aquele almoço rápido e saudável. A comida é fresca e o bufê a quilo é cheio de opções de saladas incríveis. Toda terça, no almoço e jantar, o bufê é vegano. Bom custo-benefício.
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Tibits, divulgação

Chá do Lanesborough: tradição é tradição, e a do chá inglês é quase incontornável. Os melhores chás estão nos hotéis de Londres e o servido no Lanesborough, um dos hotéis mais luxuosos do mundo,  é especialíssimo.  Temático, atualmente ele homenageia Frida Kahlo (artista-tema de uma grande exposição no Victoria & Albert, leia mais abaixo). Criado pelo pastry chef Gabriel Le Quang com estrela Michelin e servido no elegante salão Céleste, o chá da tarde custa £39 por pessoa ( £49 com uma taça de champanhe ou uma margarita por pessoa).

Destaque para os doces criados tendo a artista e o México como inspiração, numa mistura latina e inglesa pouco provável mas que deu samba. E um minuto de silêncio para os scones, aquele bolinho inglês super tradicional servido com nata e geleia de morango (dizem que os do Lanesborough são os melhores da cidade). Serviço impecável. Quem tiver disposição, pode tentar emendar um drinque no bar do hotel: um sonho chamado Library Bar.
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Lanesborough, divulgação
Lanesborough, divulgação
Lanesborough, divulgação

Campania and Jones: quando for a Columbia Road (leia mais abaixo), combine um café, almoço ou aperitivo neste charmoso e rústico restaurante napolitano. Comida fresca, massa feita por ali, molhos cheios de sabor e tempero, pão maravilhoso, vinho em taça e aquele delicioso clima italiano de bagunça e alegria.
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Campania Gastronomia, divulgação

By Chloe:  mais um exemplo de como Londres se transforma, a rede americana de comida vegana abriu recentemente em Covent Garden e Tower Bridge. Tem proposta de comida rápida então o foco são saladas, hambúrgueres, sanduíches e bowls no estilo planted based. Fui para um café e experimentei o matchá e o cupcake, mas deu vontade de voltar para provar o menu de brunch. Também pode ser uma saída saudável para um almoço um lanche rápido na região Central.
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Hambúrguer vegano. By Chloe, divulgação
Reinterpretação do clássico Fish n’ Chips feita com tofu. By Chloe, divulgação

Dominique Ansel Bakery: a Ana, nossa colunista, já tinha avisado aqui que o local é must go pra quem é fã de doces. Fui conferir e não me arrependi. Só não perca tempo (como eu) pedindo pratos salgados do cardápio (são caros e não são melhores do que em outros lugares), foque nos doces mesmo. Difícil decidir, então deixei a funcionária ajudar concordando em experimentar a novidade do menu, o Zahra Rose (£ 7,80, mais detalhes abaixo.)  Francês, Ansel fez fama em NY e agora bomba também em Londres, onde mantém a loja em Belgravia (perto de Victoria Station).
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Dominique Ansel, divulgação
Coconut Hazelnut Religieuse: profiteroles  com creme de avelã e ganache de coco.
Meu eleito: mousse de chocolate recheado com couli de rosas e framboesa envolto numa massa bem fina moldada em formato de flor. Tudo isso em uma base crocante de pistache. Dominique Ansel, divulgação

Bares 

Sketch: super badalado, o casarão do século 18 no requintado bairro de  Mayfair acomoda galeria de arte e cinco ambientes com decorações  bem distintas, mas todas de cair o queixo. Idealizado pelo francês Mourad Mazouz e o chef Pierre Gagnaire, o Sketch é pura sofisticação com um toque artsy e um deleite para os olhos. Além do 3 estrelas Michelin e exclusivismo restaurante The Lecture Room & Library, há o restaurante The Gallery, moderno e no estilo gastro-brasserie que também serve chá da tarde, o bar The Glade, que simula uma floresta e serve café da manhã, brunch, e drinques,  o Le Parlour, lounge, cafeteria e patisserie, e o East Bar, um bar e lounge ultra moderno e intimista criado por Mourad em parceria com o aclamado designer Noé Duchaufour-Lawrance.

Sem mencionar o banheiro com cabines ovais que parecem cápsulas futuristas. Claro, prepare a carteira, mas pelo menos um drinque é mandatório. Dress code: art smart (é o que diz no site deles!).
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Restaurante The Gallery, foto Ed Reeve
Restaurante The Gallery, foto Ed Reeve
The Glade. Sketch, divulgação
The Glade. Foto Sketch, divulgação
Parlour. Foto Sketch, divulgação

Hutong/Shangai Bar:  Hutong, o restaurante chinês do topo do The Shard, o edifício mais alto da União Europeia, tem também um bar de drinques, o Shangai. Vale um drinque por lá no final de tarde contemplando a cidade mais maravilhosa do mundo (!) de cima.
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Hutong, divulgação
Hutong, divulgação
Hutong, divulgação

Ronnie Scott’s: para quem curte jazz, a visita ao icônico Ronnie Scott’s, no Soho,  é obrigatória. Desde 1959 já passaram  por lá Miles Davis, Chet Baker e Nina Simone e o ponto continua sendo o que reúne a melhor música do estilo na cidade. Embaixada do british jazz e também de muitos músicos americanos, além da música maravilhosa, é cheio de estilo e tem ótimos drinques. Reserva imprescindível.
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Ronnie Scotts, divulgação

Exposições 

Toda vez que vou a Londres prometo investir no circuito das novas galerias, mas não adianta, dois hubs culturais quase sempre monopolizam minha atenção na cidade: o Victoria & Albert Museum, com acervo incrível e ótimas exposições temporárias, e a Tate Modern.

Future starts here: sponsored by Volkswagen e seu carro autodirígel, a exposição investiga uma  questão que sempre nos rondou: o que será o amanhã? Em tempo de muitos perigos, mas também de infinitas possibilidades, a exposição reúne mais de 100 objetos que oferecem um cenário do que pode vir por ai. Entre os exemplo futurísticos, um barco autônomo que limpa os oceanos, Masdar City, a cidade livre de carbono projetada nos Emirados Árabes, uma ponte construída pelo moradores de Rotterdam, sintoma  de um movimento que questiona a longevidade da democracia diante do protagonismo do cidadão.
Victoria & Albert Museum até 4 de novembro. Mais infos aqui. 

V&A, divulgação
V&A, divulgação

Fashioned for Nature: explora a relação entre moda e natureza, desde a influência dos temas da fauna e flora nas roupas desde 1600,  chama a atenção para o impacto que moda causa na natureza e mostra  boas soluções. Caso da bolsa de couro de pirarucu feita pela brasileira Osklen, os pigmentos naturais usados por Stella McCartney e o vestido Calvin Klein que Emma Watson usou no Met Gala de 2016 feito de plástico reciclável.
Em cartaz no V&A até 19 de janeiro de 2019. Mais infos aqui. 

V&A, divulgação
V&A, divulgação

Frida Kahlo: Making Her Self Up abriu neste sábado, 16 de junho, então não consegui conferir, mas é a grande exposição em cartaz na cidade atuamente e  fica no Victoria & Albert até 4 de novembro. Exibe uma coleção de objetos pessoais e roupas que pertenceram à artista mexicana que é ícone mundial. Escondida por 50 anos depois da sua morte, a coleção nunca havia saído do México.
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V&A, divulgação

Splendours of the Subcontinent: Four Centuries of South Asian Paintings and Manuscripts e A Prince’s Tour of India 1875–6: duas exposições  de encher os olhos celebram a relação entre Inglaterra e Índia com acervo de joias, armas e manuscritos indianos doados e comprados pela coroa britânica. Em cartaz na Queen`s Gallery, próxima ao Palácio de Buckingham, até 18 de outubro.
Mais infos aqui.

Splendour

E mais…

Columbia Road Flower Market: em Hackney, região que, como o restante do East London, tem passado por um processo recente de gentrificação, a feira de flores aos domingos é o epicentro da programação, que acabou desenvolvendo os arredores com cafeterias, lojinhas de artesanato, arte e restaurantes.  Programa super delicioso para domingo de manhã (pode emendar com almoço no italiano Campania Gastronomia, veja mais acima).
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Kingly Court:  na icônica Carnaby Street, o espaço reúne um mix interessante de lojas independentes, bares e restaurantes. Há uma espécie de jardim interno com mesas compartilhadas que lotam aos finais de semana. Entre as opções, o saudável Detox Kitchen, bares de drinques , pizza, grego, sushi e ceviche.
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Kingly Court, divulgação

Yoga no Sky Garden: para a turma do yoga,  super vale acordar cedinho pra fazer a Sunrise Yoga no Sky Garden, no 35º andar do prédio 20 Fenchurch Street, skycrapper londrino apelidado de Walkie-Talkie. Do alto, dá pra ver outros prédios icônicos da cidade, como o Gherkin e o The Shard, além do Tâmisa e da Tower Bridge. Precisa reservar e a aula (para iniciantes) custa 10 libras. Quem não for do time do yoga, também pode conhecer o espaço: entre os andares 35 e 37 do prédio comercial tem dois bares e dois restaurantes abertos ao público (é preciso reserva). Durante o verão, também rolam apresentações musicais no Sky Pod Bar.
Mais infos aqui. 

Sky Garden, divulgação

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Laura Coutinho

Escrito por Laura Coutinho

Laura Coutinho é jornalista com mestrado em Relações Internacionais. Já morou em Porto Alegre, Londres e Lisboa e é apaixonada por viagens, gastronomia, cultura e inovação. Trabalhou mais de 15 anos no Grupo RBS como repórter, editora, colunista e assinou coluna social durante um ano no Jornal Notícias do Dia. Hoje, concilia a produção de conteúdo em site próprio com o trabalho de relações públicas.

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