Genuínos nas tradições e costumes, abertos para o novo. Características que servem tanto para descrever os portugueses quanto para falar dos vinhos Periquita, a primeira marca de vinhos do país de Pessoa e Camões.
Quase tudo referente à vinícola José Maria da Fonseca é superlativo e longevo. Quando olhamos para a história, as surpresas são muitas. Em 1834, José Maria da Fonseca fundou a vinícola e em 1846 adquiriu a propriedade Cova da Periquita, em Setúbal, próximo a Lisboa, local que acabou batizando o vinho mais vendido da marca. Visionário, José Maria rotulou as primeiras garrafas de vinho de Portugal há quase 200 anos, lançando assim os vinhos de mesa, uma prática até então inédita já que os vinhos eram vendidos apenas em barricas.
Na perspectiva do fundador, a comercialização de vinhos engarrafados evitava adulterações e promovia a imagem da marca. Um pioneiro não apenas na vitivinicultura mas também na atenção com a divulgação, a qualidade e o marketing.
“São 172 safras com consistência. O nosso grande desafio é reinventar-nos constantemente”, diz o gerente de exportações Tomás Baião, espécie de embaixador do vinho Portugal na América Latina, com quem conversei em uma visita recente da marca a Florianópolis.
A família Fonseca segue a frente do negócio, outro fato inusitado em tempos de grandes grupos e fusões. O negócio segue crescendo e representado pela sexta e em breve sétima geração da família.
Mercado brasileiro e expansão
Hoje, o Periquita que tem nas uvas Castelão suas protagonistas, embora existam 560 castas do mundo inteiro sendo produzidas na vinícola. São 30 marcas produzidas em cinco regiões de Portugal e vinhos presentes em 70 países. As exportações para o Brasil começaram em 1881 e hoje ele é o vinho europeu mais vendido por aqui. No entanto, a vinícola ainda enxerga no Brasil um enorme potencial.
“Em Portugal o consumo de vinho é de 54 litros per capita ao ano, o maior do mundo, o equivalente a mais de um litro por semana. No Brasil, a pandemia fez o consumo de vinho subir de 2 pra 2,8 litros per capita/ano. Além disso, notamos que há um aumento no consumo de vinho do jovem brasileiro, que já não bebe apenas cerveja e caipirinha. Mas há muito para crescer”, garante Tomás.
Para chegar em um público ainda maior no país, a vinícola desenvolveu um vinho especialmente para o mercado brasileiro, o recém-lançado Red Blend, mistura das uvas Castelão com Alicante Bouschet.
“O paladar brasileiro tem tendência a apreciar coisas mais doces, Por isso o Red Blend conta com açúcar residual um pouco mais alto, o que resulta em um sabor mais frutado”, explica Tomás.
Por conta dessa característica, é que a sugestão é baixar um pouco a temperatura de consumo do vinho, dos 14 graus de um tinto habitual para 11 ou 12 graus. O Red Blend acompanha pratos de peixes ou carnes, mas também pode integrar a receita de drinks refrescantes.
“Queremos mostrar que o Periquita é um vinho fácil e acessível. Somos antigos, mas não somos antiquados”, conclui Tomás.