Padeiro, cozinheiro, apresentador e empresário, Oliver Anquier comemora neste ano quatro décadas de paixão pelo Brasil. O chef, que estrela hoje o Bake Off Brasil (SBT), apresentou por quase 20 anos o saudoso Diário do Olivier (GNT). À frente de três restaurantes (dois endereços do L’Entrecôte D’Olivier e o Esther Rooftop) além da padaria Mundo Pão do Olivier, todos em São Paulo, Olivier se considera brasileiro como todos nós e é bastante antenado com questões sociais e políticas da nossa realidade, além de atuar na valorização dos ingredientes e da comida brasileira.
Em passagem por Floripa para uma aula-show no Hippo Gourmet Experience, evento que comemorou os 22 anos da rede de supermercados, Olivier, conversou comigo. Na Alameda Casa Rosa, onde o evento foi realizado, o quase sessentão causou comoção entre elas e deixou um rastro de simpatia e afeto.
Confira:
Lembranças de Floripa e do restaurante que teve na Ilha…
Meu segundo restaurante no Brasil foi aqui, na Lagoa da Conceição. Durou duas temporadas, em 1991 e 1992. Floripa era muito diferente e, nessa época, o florianopolitano morava no Centro e no verão ia para casa de praia. Então eu montei esse restaurante de temporada, como é comum no litoral francês. Se chamava Malaika e no primeiro verão foi um sucesso gigantesco. O único restaurante diferente que tinha era a Toca da Garoupa e eu, nas Rendeiras. No inverno fechei e quando voltei na temporada seguinte, o sucesso continuou mas não entre o florianopolitano, que me castigou pelo fato de eu ter fechado. Eu dizia: “mas gente, se eu tivesse mantido aberto no inverno eu ia morrer de fome, vocês não vinham nem pra tomar um café”(risos). No segundo ano aqui, descobri que ia chegar a minha filha Julia, que hoje tem 25 anos e aí já não dava pra imaginar seguir trabalhando dessa forma. Foi quando voltei para São Paulo e abri minha primeira padaria, dando início a um novo capítulo.
Descobertas em SC
Durante os quase 20 anos de Diário do Olivier, fiz muitos episódios aqui em Santa Catarina. Eu fiz a tainha recheada com o Beto do Box (Beto Barreiros, do Box32), fiz os queijos de Bom Retiro, Treze Tílias, as ostras. Vou me lembrar a vida toda de uma imagem: eu naquele barco onde eles desovavam as ostras, uma pirâmide de ostras e eu sentado em cima comendo (risos). Inesquecível.
O futuro da gastronomia
Sobre valorização dos ingredientes locais, me parece que vão acontecer muitas coisas boas que vão ajudar a valorizar ainda mais os produtos regionais. O que começou a ser feito com o queijo da canastra, que é produzir sem ter que passar pelo indústria, vai acontecer de uma maneira geral com a ajuda da regulamentação do Selo Arte (que permite a venda interestadual de produtos alimentícios artesanais, como queijos, mel e embutidos). O futuro da gastronomia passa por essa consolidação.
Uma dica para quem tem medo da cozinha
As pessoas dizem: “Ah, você tem um dom”. Eu não tenho dom. Quando a gente nasceu a gente não sabia falar ou andar. A gente aprende. Quer dizer, é simplesmente a vontade de querer fazer. A dica é, ao invés e se refugiar atrás de um “ah, mas não vou conseguir, eu não tenho o dom”, tenha uma outra atitude: vá fazer. Não tem nada mais mágico e que nos dê mais orgulho do que proporcionar prazer às pessoas a quem a gente oferece as coisas que a gente faz.