Dica de filme que estreou nos cinemas e que dificilmente ficará de fora do Oscar 2018: Dunkirk. Não sou muito de filmes de guerra, mas o longa de Christopher Nolan foge completamente do estereótipo, talvez porque seja menos um filme sobre batalhas e mais sobre seres humanos em situações extremas e seus pequenos gestos de generosidade ou fragilidade, mas sem apelar para o manjado melodrama dos filmes do segmento.
Épico, Dunkirk remonta a Operação Dínamo, que retirou tropas britânicas e de aliados do porto de Dunkirk, na França, onde os soldados haviam sido encurralados pelos alemães em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial.
Filme para assistir no cinema, de preferência na melhor tela e com o melhor som possíveis. Confira aqui seis motivos:
1. A filmografia do britânico Chistopher Nolan, que tem no currículo obras como Amnésia e A Origem, além de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Embora aclamado, nem Nolan, nem Dunkirk, são unanimidade, o que traz ainda mais marketing ao filme. Do tipo ame ou odeie. Eu amei.
2. O roteiro engenhoso amarrado em três tempos e espaços não-lineares, apresentados no início com os subtítulos: o píer, o mar e o ar.
3. As imagens, que entregam as altas pretensões de Nolan com o filme. Os grandes planos cheios de tensão e beleza são para mim o ponto alto do longa. Logo no início, há uma incrível tomada aérea da praia que mostra os milhares de soldados (quatro mil figurantes participaram do filme) enfileirados na areia esperando o resgate. No momento seguinte, o efetivo se joga na areia, numa sequência que lembra um dominó de gente, para tentar se proteger de um bombardeio aéreo alemão. As cenas das batalhas no ar, entre os caça alemães e os britânicos stipfires são hiperrealistas.
4. A trilha sonora de Hans Zimmer, compositor que já foi indicado 10 vezes ao Oscar, e que presta uma ajuda importante nessa imersão que o filme provoca na plateia.
5. É original para o gênero. Não se firma nos estereótipos dos filmes de guerra: com mocinhos e bandidos, heroismo, muito sangue e melodrama. Nolan inovou no gênero, contando a mesma história de um jeito completamente diferente, gerando um filme de guerra psicológico, com dilemas morais que não são resolvidos, e talvez até mais desolador e comovente do que outros filmes do gênero.
6. É um filme extremamente humano. Sobre resistência e luta pela sobrevivência, sobre resiliência em níveis épicos e, ainda assim, humanos. Tanto é que a batalha de Dunkirk passou a significar resistência e motivou um dos mais célebres discursos de Churchill, chamado de ˜Não nos renderemos”: “lutaremos nas praias, lutaremos nas cabeças de praia, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nós nunca nos renderemos”.