Design e memória: projeto do Sebrae/SC, Entre Contrastes lança catálogo com coleções de artesãos catarinenses

Nada mais atual e necessário do que a ideia de que o bom design passa não apenas por funcionalidade e estética, mas por ética, proteção, renovação e sustentabilidade. O Sebrae/SC apostou nisso há dois anos, quando criou o projeto Entre Contrastes, reunindo artesãos representativos de diferentes regiões do estado para fomentar o foco na identidade, sustentabilidade, no mercado e no relacionamento com a indústria. 

A materialização desse trabalho, que já envolveu pesquisa, desenvolvimento de coleção e mergulho na identidade da marca acontece neste mês de novembro de 2020 com o lançamento dos Catálogos Entre Contrastes Artesanato Catarinense e Entre Contrastes Blumenau. E ainda o TrendBook 2020/2021 – Tendências Para Criar Mudanças, um compilado de estudos sobre o comportamento do mercado e dos consumidores. O material pode ser acessado de forma gratuita por meio do site sebrae.sc/artesanato

O projeto contribui para a ampliação do nível de empreendedorismo e de autonomia do artesão de Santa Catarina. 

“O Sebrae/SC tem muito orgulho de desenvolver projetos como esse que além de fomentar o empreendedorismo ainda promovem a contemporaneidade e a produção autoral catarinense elevando a qualidade e competitividade no mercado nacional e internacional”, destaca o Diretor Superintendente do Sebrae/SC, Carlos Henrique Ramos.

Nascido a partir da boa repercussão de uma exposição realizada no Centro Sebrae de Referência do Artesanato (Crab), no Rio de Janeiro, em 2018, o Entre Contrastes atendeu 92 artesãos de forma direta em 2020. 

Percorrendo diversas regiões do Estado, fizeram parte 11 núcleos de produção e algumas parcerias com as Prefeituras de Abdon Batista, Balneário Piçarras, Blumenau e Porto Belo atendendo os artesãos vinculados às Secretarias Municipais de Cultura ou Programas Municipais de apoio ao desenvolvimento da Economia Criativa e Artesanato.

“A intenção é levar à casa das pessoas peças funcionais para transformar lares, contar histórias. É também valorizar as mãos, as memórias e o estilo de vida de cada artesão envolvido no projeto, que por meio da arte e da ressignificação do design nas peças desenvolvidas pode expressar e proporcionar diferentes sensações e sentimentos”, comenta a Coordenadora do Programa de Artesanato do Sebrae/SC, Simone Amorim Pereira Cabral.

Conheça a seguir mais sobre as marcas dos Núcleos de Produção Artesanal. Interessados em adquirir peças, podem entrar em contato diretamente com as marcas pelo Instagram – os links estão abaixo.

Ana Gern – Design feito à mão
Joinville/SC
@anagerndesign

Depois de trabalhar muitos anos como psicóloga, Ana Gern resolveu abandonar a carreira em nome da paixão pela criação e pelas artes plásticas. Coordenado por Ana, o trabalho é coletivo e envolve muita pesquisa sobre as técnicas e saberes manuais da região mas sempre conectando o artesanato ao estilo de vida contemporâneo. 

Peça de Ana Gern. Foto Guilherme Pazetto

Vasos, pufes, tigelas e outras peças ganham forma com o crochê, que nos remete a uma memória afetiva. Lembranças que se entrelaçam com o cadarço e o resíduo da indústria catarinense. 

Peça de Ana Gern. Foto Guilherme Pazetto

DAS CATARINAS 
Joinville/SC 
@dascatarinasbrazil

O grupo de artesãs coordenado por Edna Mesadri, também utiliza o excedente da indústria têxtil para dar vida a novos produtos. 

Na coleção Da Mata, criada com o Entre Contrastes, o grupo se aproximou mais da natureza reinterpretado formas e cors cmo nas almofadas cogumelos ou na cones da mata, feitas com cones de algodão.

Peças de Das Catarinas. Foto Daniel Macedo
Peças de Das Catarinas. Foto Daniel Macedo

DEDON
Abdon Batista/SC 
@dedonalfazemas

O grupo de mulheres da Serra Catarinense aproveitou a tradicao e a profusão de camomila e alfazema pelos campos serranos e passou a criar produtos com os óleos essenciais extraidos das lantas, todas elas orgânicas. Hoje, a Dedon, coordenada pela artesã Margarina Dalpiva, produz travesseiros e almofadas com propriedades terapêuticas e aromáticas que induzem ao bem-estar. As peças também ganham bordados florais nos tecidos oriundos de resíduos têxteis.  

As 11 artesãs da Dedon participam de todo o ciclo de produção, incluindo plantio, colheita e produção das peças. 

Peças da Dedon. Foto Guilherme Pazatto
Peças da Dedon. Foto Guilherme Pazatto

EKO.ART
Joinville/SC
@elisabaaschoficial 

Depois de trabalhar 30 anos como estilista na área têxtil e se aposentar, Elisa Baasch decidiu que não queria parar.

“Programei minha velhice para viajar e trabalhar com criação. Quero morrer produzindo”, compartilha. 

Super criativa, Elisa idealizou a Eko.Art, que mistura botânica, design e artesanato. Do quintal da casa da artesã surge parte da matéria-prima: flores e folhas que passam por um processo de desidratação com resina e depois viram recheio de quadros, bandejas, pratos e painéis onde a natureza é elevada à obra de arte.

Peças de Eko.Art. Foto Dariane Luz

As variações de madeiras utilizadas no acabamento sao provenientes da sobra da indústria moveleira catarinense e de marcenarias e sao misturadas ao metal ou ao vidro. 

Peças de Eko.Art. Foto Dariane Luz

FUNCIONÁRIAS
Joinville/SC
@funcionarias

 A sustentabilidade está no DNA da marca As Funcionárias. Desde criança, Ana Carolina de Liz aprendeu com a mãe, Rosana, a importância da reciclagem e da ecologia.

Hoje, ambas tocam a marca que utiliza tecidos que iriam para descarte, como lona de parapente, de banners e outdoors, para criar parkas, bolsas e pochetes com conceito bem inovador e atemporal. Outra preocupação de Ana Carolina, que agora ensina sobre sustentabilidade e economia circular para os filhos, é gerar emprego e renda para mulheres que precisam conciliar maternidade e trabalho. Hoje, sao 12 mulheres engajadas no projeto. 

Parka e mochila As Funcionárias. Foto Dariane Luz

GHARDA
Camboriú/SC
@ghardalife 

A sintonia entre o casal Joao e Silvana Peruzzo ganha materialidade nas peças da Gharda. Paisagens paradisíacas e a utilização de resíduos de vidro coloridos dão forma à coleção de acessórios da marca. São colares, pulseiras, brincos e anéis com visual super contemporâneo, esculpido em formatos orgânicos.

As cores vibrantes são desenvolvidas pela dupla com misturas de pigmentos, assim como são produzidas no ateliê até mesmo algumas ferramentas utilizadas no processo. 

Colar e anel da Guarda. Foto Dariane Luz
Pulseira e anel da Guarda. Foto Dariane Luz

KUNST HAUS
Blumenau
@kunsthaus_bnu

A Kunst Haus, “casa da arte” em alemão, nasceu com o propósito de resgatar a história e a cultura de Blumenau através dos trabalhos manuais. Coordenado por Noeli Apolônia, o grupo conta com 11 artesãos e uma loja na Vila Germânica que serve de vitrine para diferentes projetos locais.

Como o Cidade Jardim, que resgata os bordados da lendária Casa Meyer, que tornou o bordado de Blumenau uma referência nacional entre 1979 e 1990, em peças como toalhas, jogos americanos e sachês.

O projeto Cidade Jardim resgate o icônico bordado da Casa Meyer.



Outra coleção é a Memórias Casario, que utiliza de um dos ícones da arquitetura local, a caixa enxaimel, para recriar minicasas são confeccionadas na técnica de costura 3D em tecido, têm acabamento em bordado ponto livre e apresentam um toque lúdico.

As minicasas enxaimel da Memórias Casario.

MINHA MANA E EU
Porto Belo/SC 
@minhamanaeeu

A marca Minha Mana e Eu surgiu da conexão das irmãs Patrícia e Cintya  com o trabalho manual, algo que herdaram da família, tradição desde o bisavô. A dupla começou como hobby, mas, de tanto os amigos encomendarem peças, elas resolveram levar a produção a sério.

Na marca, o resíduo têxtil da empresas locais ganha novas formas com costura, crochê e um design contemporâneo mas que não deixa de remeter ao passado. Sao bolsas, cestas e almofadas feitas com diferentes técnicas do crochê em malha. 

Cesta em crochê da Minha Mana e Eu. Foto Guilherme Pazetto

RENDAI 
Imaruí/SC 
@rendairendas 

Símbolo do litoral catarinense herdado da tradição portuguesa, a renda de bilro é homenageada pela marca Rendai – Rendas de Imaruí. A delicadeza da criação artesanal carrega as memórias das rendeiras: o amor, a paciência, a suavidade e a dedicação em preservar a cultura dos antepassados.

Valmiria Jeremiar Francisco, a Tia Mira, coordena a produção de itens como jogos americanos, porta-talheres e guardanapos. 

Guardanapo Rendaí. Foto Dariane Luz
Porta-talheres Rendaí. Foto Dariane Luz

TOCA TAPETES
Araranguá/SC 
@tocatapetes

Utilizando resíduo têxtil da região do vale do Itajaí, o grupo de 25 artesãos coordenados por Aldanete Soares resgata a tradição da tecelagem manual criando tapetes e outros itens, como jogos americanos. O design e as cores são destaque nas peças atemporais.

Jogo americano Toca Tapetes. Foto Dariane Luz
Toca Tapetes. Foto Dariane Luz

TRAMATUSA
Lages/SC
@tramatusa

Há 13 anos, o grupo hoje com 18 mulheres e coordenado por Edi Marcon começou a utilizar o resíduo da indústria de papel e celulose da região de Lages para criar peças inspiradas nas tradições serranas e nos tropeiros que cruzaram o município. 

Luminárias, espelhos e peças de decoração são criadas manualmente de forma escultural, trazendo personalidade aos ambientes. 

Cesto e garrafa em macramê Tramatusa. Foto Dariane Luz
Luminárias Tramatusa. Foto Dariane Luz

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Laura Coutinho

Escrito por Laura Coutinho

Laura Coutinho é jornalista com mestrado em Relações Internacionais. Já morou em Porto Alegre, Londres e Lisboa e é apaixonada por viagens, gastronomia, cultura e inovação. Trabalhou mais de 15 anos no Grupo RBS como repórter, editora, colunista e assinou coluna social durante um ano no Jornal Notícias do Dia. Hoje, concilia a produção de conteúdo em site próprio com o trabalho de relações públicas.

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