Charme italiano: Casa Amarela abre para receber eventos e hospedagem em Florianópolis – Laura Coutinho

À distância parece cenografia, mas à medida que vamos entrando na Casa Amarela, entendemos que o universo é de casa verdadeira, com uma dona daquelas caprichosas, que se preocupa com o que vai em cada recanto para que tudo provoque boas-vindas, aconchego e afeto. Cada pedaço é enfeitado com velas, luzinhas, flores, tapetes coloridos. Nada é óbvio ou forçado por ali e o ambiente remete um pouco à casa de vó, com cheiro de pão e chá de maçã, som de pássaros e um convidativo balanço pra ler, com um dos gatos enroscados no pé. 

O tom da fachada foi mantido desde a construção da casa, há 30 anos. Foto Carolina Portella
Charme em cada detalhe. Foto Carolina Portella
A varanda é o centro da casa cheia de personalidade. Foto Fafá Flores

Mas vamos começar do princípio. A semente da Casa Amarela está na Itália, de onde emigrou Ferdinando Bulgarini d’Elci, o Papo, que se instalou na Barra da Lagoa, depois de uma temporada gaudéria. Na praia, a poucos metros do idílico Canal da Barra, Papo construiu há 30 anos uma casa simples, mas muito charmosa e nos moldes das moradas da sua terra natal.

O jardim da casa e a varanda ao fundo: os cenários para bons momentos são muitos. Foto Fafá Flores

Todos os quartos dão para a varanda, que é o centro de tudo, junto com a cozinha. Cozinheiro habilidoso e anfitrião de primeira, o italiano já imprimiu, faz tempo, naquelas paredes, o dom para receber, herdado e hoje executado com perfeição pelo filho Alessandro Bulgarini Delci, diretor de cena, e a nora, Luciana Andrade, designer. Muitos objetos originais dessa época narram episódios antigos e impregnam a Casa Amarela de história. 

A cozinha estilo colonial sendo explorada. Foto Fafá Flores

O tempo na casa é outro. É preciso se demorar para ver o tanto de sonhos e de belezas que pulsam ali. Por isso, recentemente a morada da família recebeu o batismo de Casa Amarela e  passou a receber tanto hóspedes quanto encontros e cursos. 

Loft da Casa Amarela 

A alma do endereço é Luciana, que montou seu ateliê homônimo na Casa Amarela há seis anos.

“Cresci numa rua de sete mulheres, amigas até hoje. Eu fui aprendendo na casa de cada uma delas aquilo que mais me encantava. Adoro velas, flores, aromas. Amo essa brincadeira de criar sonho. Para mim receber é uma demonstração de afeto e de amor pelo outro. E percebi que a nossa casa era um lugar de sonhos muito pulsantes: eu com o ateliê, o Alê como diretor de cena e o Piero com a Raízes d’Água (leia mais logo baixo). São histórias que mereciam ser mais compartilhadas com quem vem a Florianópolis”, conta Luciana. 

Assim surgiu o conceito da Casa Amarela, que reúne todos esses sonhos e também um loft para hospedagem assinado pelas arquitetas Gabriela Dutra e Vanessa Buonomo para acolher um casal de visitantes que queira vivenciar nesse universo tão rico. Super aconchegante, o espaço assinado pelas arquitetas conjuga quarto, banheiro e uma linda mesa para refeições. O mezanino lúdico, com objetos, arte e muitas plantas confere ainda mais charme ao quarto.

Suíte com espaço para refeições compõe o projeto do loft assinado pelas arquitetas Gabriela Dutra e Vanessa Buonomo. Foto Carolina Portella
No loft, uma convidativa poltrona para leitura. Foto Carolina Portella

Outro dos pontos altos da hospedagem é o café da manhã, com delícias preparadas na vizinhança e compartilhadas em mesa junto ao jardim, na varanda onde se encontram o clima de praia e de fazenda, o passado, o futuro e o artesanal. 

A mesa de café da tarde cheia de delícias artesanais. Foto Fafá Flores
Foto Fafá Flores

Esse espaço, assim como o jardim e o living amplo com uma lareira convidativa, pode também ser cenário de pequenos eventos de arte, gastronomia e autoconhecimento. 

A sala tem espaço de sobra para reuniões e encontros. Foto Fafá Flores

Atelier Luciana Andrade 

Apaixonada pelo universo das cores, do lúdico e das texturas desde criança, Luciana teve mãe assistente social e avó costureira. Da mistura do cuidado com a doçura e as técnicas manuais surgia a menina de olhos curiosos, mãos habilidosas e ar maternal. 

Luciana e a mesa farta do café da Casa Amarela

Mais tarde, já formada em Design de Moda, Lu encontrou, ao estudar arte, a união que tanto buscava entre a moda e a decoração. Foi quando começou a produzir belíssimas mantas e almofadas onde mistura diferentes técnicas, como o crochê, as rendas, o bordado e o patchwork, com o tear manual. 

Mantas e almofadas em tear valorizam técnicas e saberes ancestrais da Ilha no Atelier Luciana Andrade. Foto Carolina Portella

“O ateliê surgiu para valorizar o feito à mão, o produtor e a arte locais, a tradição e a história contada de mãe para filha. Acredito muito nessa história contada daqui pra fora. É a gente que tem que valorizar a nossa história ”, defende a designer. 

Foto Carolina Portella

Entre os muitos materiais utilizados nas mantas e almofadas estão itens de reaproveitamento, como as redes de pesca e fios descartados, ressignificados quando trabalhadas em novas propostas contemporâneas. 

“O belo está na arte de criar. Colocar no tear manual e dar nova vida, novo significado. Queremos contar essa história, trafegar, levar adiante esse olhar”, compartilha. 

Microverdes no jardim 

Se o design e a arte dominam a casa, a produção sustentável ocupa seu lugar no jardim. Piero, filho do casal, montou há quatro anos a Raízes d’Água, empresa de microverdes orgânicos. Cozinheiro e ex-estudante de Gastronomia, Piero percebeu entre os chefs a falta de fornecedores de brotos de qualidade e assim investiu na produção baseada no sistema de aquaponia (sistema que junta aquicultura de peixes com sistema de recirculação de água semelhante ao da hidroponia).

Os microverdes sao colhidos entre o 10 ºe 12º dia do ciclo. Foto Fafá Flores

Além de muito utilizado para decoração de pratos, os microverdes são considerados superalimentos, já que concentram cerca de 40 vezes mais nutrientes do que o vegetal em estado maduro. A produção do Raízes d’Água escoa para os restaurantes e para uma rede de supermercados da cidade. E, claro, compõem as delícias servidas na Casa Amarela.

Piero d’Elci e a produção da Raízes d’Água. Foto Fafá Flores

Casa Amarela
Espaço de hospedagem e eventos na Barra da Lagoa 
Mais informações: @a_casa_amarela_recebe e (48) 99815-8240

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Laura Coutinho

Escrito por Laura Coutinho

Laura Coutinho é jornalista com mestrado em Relações Internacionais. Já morou em Porto Alegre, Londres e Lisboa e é apaixonada por viagens, gastronomia, cultura e inovação. Trabalhou mais de 15 anos no Grupo RBS como repórter, editora, colunista e assinou coluna social durante um ano no Jornal Notícias do Dia. Hoje, concilia a produção de conteúdo em site próprio com o trabalho de relações públicas.

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