Into the wild: expert indica 8 trilhas imperdíveis em Florianópolis

Montanhas, praias e Mata Atlântica exuberante. O combo faz de Florianópolis e região o cenário ideal para trilhas em meio à natureza. Atualmente 33 trilhas e caminhos são oficialmente reconhecidos por lei em Florianópolis. Trilheiro e  um dos autores do livro no livro Trilhas e Histórias na Ilha de Santa Catarina, Rodrigo Dalmolin, indica os oito caminhos mais incríveis da Ilha.

Antes de seguir para as indicações, alguns lembretes:

– Se possível, prefira ir acompanhado com um condutor ambiental local credenciado. Seu conhecimento agregará muito mais conteúdo à caminhada. Acesse a lista de condutores credenciados pela Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esportes neste link. 

 – Muitas trilhas e caminhos em Florianópolis encontram-se em áreas naturais legalmente protegidas, como áreas de preservação permanente (APP) e unidades de conservação (UC). Para maximizar a experiência da caminhada e minimizar os impactos ambientais procure conhecer a legislação e o regramento local da região percorrida pela trilha ou caminho.

– O Ministério do Meio Ambiente divulgou o documento Conduta Consciente em Ambientes Naturais, com as regras básicas de comportamento  adotadas no mundo inteiro e que visam segurança, cuidados e respeito dos frequentadores com o a natureza. Acesse aqui. 

– É possível obter informações e dicas básicas antes de encarar uma trilha. Conhecendo e seguindo elas grande parte dos infortúnios numa caminhada podem ser evitados. Este link  utiliza como exemplo a Guarda do Embaú, mas aplica-se bem à região de Florianópolis também.

1  – CAMINHO DA PARTIDA

Situado no Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho o Caminho da Partida deve o seu nome à famosa pedra no norte da Ilha que decidiu seguir seu próprio rumo no mar. Além da Pedra da Partida o caminho oferece em diferentes pontos belas vistas panorâmicas, principalmente em ramais secundários. Num deles surge outra preciosidade local, o Buraco da Cantada, caverna cujo nome se deve ao canto que emana dela, segundo os pescadores da região.

Pedra da Partida ao final do caminho que batiza. Foto Rodrigo Dalmolin
Buraco da Cantada, a caverna que canta. Foto Rodrigo Dalmolin

Início e final: ponta norte da praia do Santinho.
Distância total (ida e volta): cerca de 2,8 quilômetros.
Desnível total de subida e descida: iguais ±253 m.
Condições específicas: trechos onde o uso das mãos pode ser necessário para avançar, trecho em costão rochoso com exposição à altura e trajeto não sinalizado.
Severidade do meio: 2/5 (moderadamente severo)
Orientação: 3/5 (exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

2 – TRAVESSÃO DO MACIÇO DA COSTEIRA

A cidade se descortina em suas mais diversas faces no travessão que cruza parte dos morros do Parque Municipal do Maciço da Costeira. O ponto alto da caminhada fica pertinho do topo do Morro da Costeira onde uma belíssima vista da planície entre mares, no sul da Ilha, salta aos olhos para além da Reserva Extrativista Pirajubaé. O silêncio é a melhor companhia na caminhada que percorre na sua totalidade áreas em diferentes estágios de regeneração vegetal.

Planície entre mares a partir do alto do Morro da Costeira. Foto Rodrigo Dalmolin

Início : Córrego Grande, final da Rua Maestro Aldo Krieger, cerca de 300 m do início do Caminho do Córrego Grande ao Canto da Lagoa. Final no Alto Pantanal, final da Servidão Professora Leonor de Barros.
Distância total: cerca de 7,1 quilômetros. Desnível total de subida: ±374 m. Desnível total de descida: ±360 m.
Condições específicas: trajeto não sinalizado.
Severidade do meio: 3/5 (severo)
Orientação: 2/5 (caminho ou sinalização que indica a continuidade)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

3 – TRILHA DA PONTA DA LAJE

Oficinas líticas em ambas as pontas da Trilha da Ponta da Laje dão o tom arqueológico da caminhada que ainda conta com um grande sambaqui à beira mar perto da Ponta das Canas e uma pequenina, mas belíssima praia fora dos mapas da cidade: a prainha do Forno. Dependendo as condições do mar outra prainha se forma no sopé do Morro das Canas por onde segue a Trilha da Ponta da Laje: é a prainha do Rosa. Uma parada para contemplar o mar com a Ilha do Arvoredo ao fundo na Ponta da Laje é bem-vinda.

Dia de sol e mar na Prainha do Forno. Foto Rodrigo Dalmolin

Início: canto norte da praia da Ponta das Canas. Final no canto oeste da praia da Lagoinha da Ponta das Canas.
Distância total: cerca de 1,4 quilômetros.
Desnível total de subida e descida: iguais ±86 m.
Condições específicas: possíveis trechos com mato alto cobrindo o leito da trilha e trajeto não sinalizado.
Severidade do meio: 2/5 (moderadamente severo)
Orientação: 3/5 (exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 1/5 (pouco esforço)

4 – CAMINHO DO RATONES AO SAQUINHO DA LAGOA

O irmão pouco conhecido do Caminho da Costa da Lagoa à Ratones liga o Canto da Cachoeira em Ratones à praia do Saquinho onde um belo riacho se espraia preguiçosamente. Em ambas às pontas da trilha é possível contemplar ruínas de engenhos e habitações que remetem à época de fartura da pesca na Lagoa e das roças em Ratones. É possível seguir a pé da praia do Saquinho à Costa da Lagoa, mas o caminho além de não ser sinalizado passa entre imóveis requerendo certo tato na orientação.

Praia do Saquinho da Lagoa. Foto Rodrigo Dalmolin
No alto da Trilha do Ratones ao Saquinho da Lagoa. Foto Rodrigo Dalmolin

Início e final: Ratones, final da Servidão Manoel Amaro Nunes Pereira.
Distância total: (ida e volta) cerca de 4,0 quilômetros.
Desnível total de subida e descida: iguais ±276 m.
Condições específicas: trechos com travessia de riacho e trajeto não sinalizado.
Severidade do meio: 2/5 (moderadamente severo)
Orientação: 2/5 (caminho ou sinalização que indica a continuidade)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

5 – CAMINHOS DO FAROL E DOS NAUFRAGADOS

A região da praia do extremo sul da Ilha é um pacote histórico completo de Florianópolis. Oficinas líticas e inscrições rupestres nos costões remetem ao tempo de sua ocupação no período pré-colonial. As ruínas da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição na Ilha de Araçatuba, do século XVIII, o Farol dos Naufragados, do século XIX e o Forte Marechal Moura, do século XX, são atrativos do combo, dois caminhos numa só caminhada. Uma pedra a cerca de 850 m do início marca a separação dos caminhos. Além de história, quatro Unidades de Conservação se apresentam ao caminhante: o Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as áreas de proteção ambiental do Entorno Costeiro e da Baleia Franca, esta última no mar.

Rio dos Naufragados. Foto Rodrigo Dalmolin
Maravilhosa vista do Caminho do Farol. Foto Rodrigo Dalmolin

Início e final: Caieira da Barra do Sul, próximo do final da Rodovia Baldicero Filomeno.
Distância total (ida e volta): cerca de 5,8 quilômetros.
Desnível total de subida: ±309 m.
Desnível total de descida:
±376 m.
Condições específicas: trajeto semicircular,  parcialmente sinalizado, com passagem por arrebentação e trechos com travessia de riachos sujeitos a aumento de vazão em caso de chuvas.
Severidade do meio: 3/5 (severo)
Orientação: 3/5 (exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

6 – TRILHA DA BOA VISTA

A Trilha da Boa Vista segue a cumeada do Morro da Galheta no interior do Monumento Natural Municipal da Galheta. Diversos mirantes naturais se oferecem ao caminhante, sendo o mais badalado o da Pedra da Boa Vista de onde se contempla uma das vistas panorâmicas mais lindas da Ilha. Geralmente o destino de quem segue pela trilha é a Praia da Galheta (de nudismo opcional). Para chegar lá basta tocar em direção ao leste no entroncamento da Trilha da Boa Vista com a da Fortaleza da Barra da Lagoa à Galheta. Uma pequenina trilha une a praia da Galheta à praia Mole, onde se retorna à civilização.

Uma das mais belas vistas da Ilha a partir da Pedra da Boa Vista. Foto Rodrigo Dalmolin
Praia da Galheta, geralmente a partida ou o destino da Trilha da Boa Vista. Foto Rodrigo Dalmolin

Início: Barra da Lagoa, Rua Laurindo José de Souza. Final: na Trilha da Fortaleza da Barra da Lagoa à Galheta.
Distância total: cerca de 2 quilômetros.
Desnível total de subida: ±199 m.
Desnível total de descida: ±82 m. Condições específicas: trilha sinalizada.
Severidade do meio: 3/5 (severo)
Orientação: 2/5 (caminho ou sinalização que indica a continuidade)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

7 – CAMINHO DA COSTA DA LAGOA AO CANTO DOS ARAÇÁS

O Caminho da Costa da Lagoa ao Canto dos Araçás é um dos últimos remanescentes dos caminhos coloniais da antiga Nossa Senhora do Desterro. Mesmo com a chegada do turismo no coração da Ilha, o Caminho da Costa segue o seu curso próprio. Pequenas praias lacustres convidam o caminhante ao banho. São destaques do caminho o engenho na Vila Verde que se acredita do século XIX e o Sobrado de Dona Loquinha, este do século XVIII. Apesar dos 7,1 quilômetros de extensão, geralmente a caminhada termina num restaurante da bela região da Cachoeira da Costa da Lagoa. A volta pode ser por terra ou com os barcos do transporte lacustre.

Caminho da Costa da Lagoa ao Canto dos Araçás. Foto Rodrigo Dalmolin
Ponta Grossa com suas grandes pedras faz parte do Caminho da Costa. Foto Rodrigo Dalmolin

Início: Canto dos Araçás, final da Rua João Henrique Gonçalves. Final: Costa da Lagoa, Vila do Canto.
Distância total: cerca de 7,1 quilômetros.
Desnível total de subida ±291 m.
Desnível total de descida: ±311 m.
Condições específicas: trajeto parcialmente sinalizado.
Severidade do meio: 1/5 (pouco severo)
Orientação: 2/5 (caminho ou sinalização que indica a continuidade)
Condições do terreno: 3/5 (percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

8 – TRILHA DO MATADEIRO À LAGOINHA DO LESTE

A trilha preferida de 9 entre 10 trilheiros de Floripa liga as praias do Matadeiro e Lagoinha do Leste com direito a uma paisagem única na Ilha. Apesar da curta distância, o leito em grande parte rochoso da trilha somado à falta de manejo da mesma torna a caminhada, em certos momentos, quase uma aventura. Contudo, a vista imponente do costão rochoso a partir da Ponta do Facão torna qualquer esforço recompensado. O êxtase é alcançado quando a visão da paradisíaca Lagoinha do Leste surge no alto da Ponta da Lagoinha. Chegando ao paraíso um bom banho relaxante na laguna que batiza o Parque Natural Municipal da Lagoinha do Leste é uma parada obrigatória.

Uma das 10 vistas de ouro da Lagoinha do Leste.Foto Rodrigo Dalmolin

Início: Canto sul da praia do Matadeiro. Final: canto norte da praia da Lagoinha do Leste.
Distância total: cerca de 3,4 quilômetros.
Desnível total de subida e descida: iguais ±192 m.
Condições específicas: trechos onde o uso das mãos pode ser necessário para avançar, trechos com exposição à altura e trajeto não sinalizado.
Severidade do meio: 3/5 (severo)
Orientação: 3/5 (exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais)
Condições do terreno: 4/5 (percurso com obstáculos)
Intensidade física: 2/5 (esforço moderado)

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Laura Coutinho

Escrito por Laura Coutinho

Laura Coutinho é jornalista com mestrado em Relações Internacionais. Já morou em Porto Alegre, Londres e Lisboa e é apaixonada por viagens, gastronomia, cultura e inovação. Trabalhou mais de 15 anos no Grupo RBS como repórter, editora, colunista e assinou coluna social durante um ano no Jornal Notícias do Dia. Hoje, concilia a produção de conteúdo em site próprio com o trabalho de relações públicas.

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